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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

AS TENTATIVAS DE AVERMELHAR O BRASIL



 Não é novidade que a História se repete e tende a se perpetuar. Se isto não ocorre integralmente, na essência a regra parece prevalecer.
No geral, o nosso Brasil, segundo dados históricos, não é um país pacato, conforme muita gente afirma. Não se trata de uma referência à desmedida violência urbana que atormenta e inquieta a todos nós. Nem é puro pessimismo.
Basta uma olhada rápida para listarem-se, somente a partir do século XIX, 36 conflitos armados (de maior ou menor relevância), e mais outros 23 no século XX, de intensidades e consequências históricas similares, de motivações políticas e ideológicas diversas.
Paralelo a isto, um grupo político e ideológico continua influente no sentido de interferir nos destinos do Brasil: os socialistas e os comunistas.
Para se ter uma ideia clara do que isto representa, a partir da formulação teórica do comunismo, em 1848, somente até 2014, computaram-se cerca de 100 milhões de vítimas fatais em todo o mundo, em consequência direta dessa ideologia, segundo dados do site http://www.museumoncommunism.org.
A filosofia marxista, nascida na Europa, ganhou projeção a partir do manifesto escrito pela dupla Marx e Engels, mas também, adquiriu derivações (como o maoismo, o trotskismo, e o stalinismo, por exemplo).
Até a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1922, a ideologia predominante no movimento operário brasileiro era o anarco-sindicalismo.
O Manifesto comunista somente apareceu em livro no Brasil em 1924, ou seja, 76 anos após sua primeira edição na Europa. Três meses depois de sua fundação, o partido foi posto na ilegalidade e assim permaneceu até 1985, com breves períodos em que pôde atuar livremente.
Criado com a pretensão de ganhar o mundo, o comunismo sempre aspirou aqui se instalar, de forma direta ou dissimulada, utilizando para isso a luta armada, ou a persuasão do público-alvo – o proletariado, composto pelos trabalhadores mais humildes, assalariados –, (como vem fazendo nos últimos anos, invertendo valores).
As expressões “comunismo” e “socialismo” recebem significados nem sempre muito precisos. Numa explicação bem resumida, daria para dizer que, segundo a teoria marxista, o socialismo é uma etapa para se chegar ao comunismo. Este, por sua vez, seria um sistema de organização da sociedade que substituiria o capitalismo, implicando o desaparecimento das classes sociais e do próprio Estado.
Contudo, e a exemplo do que vem ocorrendo pelo mundo, o comunismo é um trampolim para a construção de regimes autoritários, perversos, corruptos.
Alguns especialistas são quase unânimes em afirmar que nunca houve um país comunista de fato. Alguns estudiosos vão mais longe e questionam até mesmo a existência de nações socialistas. Os países ditos comunistas, como Cuba e China, são assim chamados por se inspirarem nas ideias marxistas.
Entretanto, esses países sequer poderiam ser chamados de socialistas, por terem Estados fortes, nos quais uma burocracia ligada a um partido único exerce o poder em nome dos trabalhadores.
Logo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), formou-se na Europa, sob liderança da União Soviética, um bloco de nações chamadas de comunistas. Esses países tornaram-se ditaduras, promovendo perseguições contra dissidentes. A sociedade comunista, “justa e harmônica”, concebida teoricamente por Marx, jamais foi alcançada.
Os fatos históricos do passado, tendem a repetirem-se pelos tempos afora, na medida em que a sociedade os acate como uma fatalidade, por desinformação, apatia, medo, ou acomodação.
“Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”, afirmou Jorge Agustín Nicolás Ruiz de Santayana y Borrás, um filósofo, poeta e ensaísta espanhol que fez fama escrevendo em inglês, e que costumava usar o pseudônimo de George Santayana.
   A exemplo do que ocorreu na falecida URSS – União da República Socialista Soviética, a corrupção galopante destruiu o Estado, degeneraram-se os costumes, e a sociedade acumulou e amargou significativas perdas morais, intelectuais e econômicas.
   Aqui, o cinismo e a desfaçatez dos que hoje arquitetam avermelhar a nação brasileira, nem se quer chega a enrubescer as suas faces. Corruptos descarados, sujeitam-se a toda espécie de cambalachos para auferirem lucros exorbitantes e desonestos, ainda que, com isso, pessoas morram por falta de assistência médica, ou em consequência da falta de segurança. Sem contar que, sem educação e com desemprego em alta, a vida perde qualidade, e a morte pode chegar mais rápida.
   De fato, negligenciar as experiências desastrosas do passado é contribuir para a concretização de um presente ou um futuro de dores e aflições.




quarta-feira, 16 de agosto de 2017

AONDE ESTÁ A MINHA PAZ?

Aqui no Brasil, aqueles que são naturais do Estado de Minas Gerais, têm fama de serem muito desconfiados. Mas, não foram os mineiros que inventaram os códigos e as senhas que todos nós usamos no cotidiano. Também eles não criaram as indústrias bélicas, cujos produtos são utilizados pelos países como uma espécie de proteção com base na desconfiança mútua, entre os povos e as nações.
A indústria da desconfiança, ou de outra forma, da segurança e das suas ramificações, têm gerado riquezas e muito emprego, é verdade.
De lacres para envelopes, a olhos mágicos e câmaras de segurança usados nas portas, passando por satélites espiões, drones, chips e microchips eletrônicos, chaves, trancas e ferrolhos, muitos equipamentos e acessórios foram criados e desenvolvidos graças a esse sentimento voraz, o da suspeição, que, por vezes, apresenta-se como uma espécie de obsessão (dado o grau de ameaças que rondam ou aparentam rondar a todos nós).
Já chegamos, há muito tempo, ao nível de termos que criar programas de informática para guardar senhas (é a senha da senha), e isto, com muita razão, parece sintomático, pois vivenciamos um tipo de paranoia do medo, da insegurança, e da consequente desconfiança.
A princípio, de uma forma genérica, todos somos suspeitos diante do olhar analítico de todos. Se antes o índice de crédito conferido a alguém começava com 100%, hoje a credibilidade atribuída é a partir de zero. À medida que o indivíduo demonstra atitudes corretas, a pontuação poderá ir melhorando, ou não.
Tudo isso explica-se, e justifica-se, afinal, essa briga de gato contra o rato parece que jamais chegará ao fim. Se os ratos sofisticam as suas habilidades de subtrair o patrimônio alheio, os gatos têm que tentar precaver-se, pelo menos criando dificuldades contra as ações desonestas ou ameaçadoras daqueles.
Mas, não somos ratos nem gatos, embora a Operação Lava Jato, iniciada em março de 2014, idealizada para dar um basta na ação nefasta dos gatunos engravatados, já esteja em sua 42ª fase, ramificando-se para a Operação Cobra, sinalize que os rombos são imensos no Tesouro Nacional, e o “queijo de todos os brasileiros” esteja cada vez mais se acabando.
Cabe, assim, um questionamento: será mesmo que pessoas de qualquer sexo, idade, condição intelecto moral, que só querem fugir da fome, da sede, das guerras, devem sofrer humilhações, serem espancadas, jogadas ao mar? Que ameaças tão terríveis elas representam, diante de tantos ratos sorrateiros que solapam nossas riquezas e contribuem para que as ruas, becos e vielas de “nossa Pátria mãe gentil” sejam autênticas e arriscadas armadilhas, verdadeiros campos de batalha?
Os governos, quase sempre, são eles quem determinam as guerras, e não os militares nem os civis.
A questão é polêmica, sempre atual, e alcança desde os aspectos humanitários, éticos, morais, e chega a abranger considerações segundo olhares religiosos, filosóficos, de conotações históricas, de tradições, costumes, e de sobrevivência pura e simples (com repercussões evidentes na economia de um país, na saúde pública, na educação, e na segurança, entre outros itens).
Em tudo, um ponto se destaca: a ambivalência, a atitude oscilante entre valores diversos, e por vezes, antagônicos, que atiça as nossas angústias e dúvidas de todas as horas.
Para que lado pender, se de um lado as visões humanitárias, éticas e morais apontam para o acolhimento de refugiados, por exemplo, levando-nos a sensibilizarmo-nos diante de tanta miséria humana, e de outro, as considerações de ordem religiosas e ideológicas apontam em sentido contrário?
O medo da morte, por exemplo, a justa preocupação com a preservação da integridade física (nossa e daqueles que amamos), pode ser potencializado (ou moderado), segundo conceitos religiosos e olhares filosóficos com os quais guardamos afinidade.
Para uns, vale a pena matar e morrer para “limpar o mundo”; para outros, o entendimento é de que o melhor é pacificar o planeta com gestos e ações humanitárias de acolhimento. Enquanto uns estão sempre com um pé atrás em relação aos despatriados, outros creem que estender-lhes as mãos acolhedoras é o que deve prevalecer.
Argumentos de ambos os lados é o que não falta. Quase sempre contraditórios entre si, instigantes, complicados, mas com grande potencial de prolongarem-se por séculos, talvez até em um nunca acabar. Afinal, sem o contraditório, sem os pensares diferentes, o mundo seria morno, pacífico, quieto, silencioso. E isto não parece estar em nossos planos, haja vista as nossas barulhentas preferências de entretenimento.

Desde que o mundo é mundo, ainda não vivemos um só dia de concórdia, de paz absoluta, de sossego pleno. Buscamos a paz fora de nós mesmos, enquanto ela está dentro da gente, a depender das nossas ações ou omissões.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

TERRORISMO, ESFIRRA E FANIQUITO


Nossa raça é a humana, e por mais que exista quem acredite em gente de estirpe superior, como se todos fôssemos gado, um rebanho de animais irracionais, não existe um só brasileiro cujo sangue não seja miscigenado.
Entre todos os gestos e atos de intolerância ocorridos há pouco tempo, evidentes ou disfarçados, contra imigrantes fugidos dos horrores das guerras, da seca e da fome, de todas as misérias que as corrupções causam pelo mundo afora, diante da desumanidade de se escorraçarem seres humanos de volta para os ambientes hostis de onde vieram, um episódio recente demonstrou que a besta-fera do ódio irracional ainda sobrevive.
Na última semana, vimos um homem libanês sendo hostilizado porque estava trabalhando honestamente como vendedor ambulante de esfirra, em Copacabana, no RJ. Para os olhos enceguecidos dos agressores, isto seria uma grande ameaça. Medo de concorrência é sinal grave de incompetência, ou, por outra, algo de ilegal ou inconfessável está por trás de tanta agressividade.
Um dos valentões de meia-tigela, armado com dois porretes nas mãos, gritava, em pleno ataque histérico, que estava defendendo o Brasil de mais um homem-bomba que invade o espaço nacional; que o libanês saísse do país dele, e que o estrangeiro estava tomando a vaga de outros brasileiros, além de vomitar todo tipo de podridão que o ódio produz (ele próprio lambuzando-se dela, e espargindo-a em todos que com ele faziam coro).
Nenhum brasileiro sensato, e de vergonha na cara, precisa da defesa de um asno covarde como o desse caso. Enxotar uma pessoa que só quer sobreviver, sem provas de que, de fato, ela representa um perigo, é vergonhoso e indigno.
Os moradores do Rio de Janeiro estão acuados em suas casas, com medo, vivenciando as amarguras dos estresses pós-traumáticos diários, resultantes dos assaltos, dos arrastões, dos tiroteios, das balas perdidas, e de viver em eterna prontidão para se livrarem de tudo isso. Isto é uma verdade. Mas, o valente e insultuoso “brasileiro”, preferiu agredir o pacato (e magro) vendedor libanês de esfirra, a enfrentar os bandidos da área, que, estes sim, têm causado terror.
O terrorismo internacional, assim como as agressões perpetradas pelo “brasileiro” histérico e enfurecido, são atos absurdamente reprováveis, mas também assemelhados entre si.
O patético desse episódio, é que, paralelo ao Brasil político de hoje, onde convivem alguns poucos homens de bem, e outros tantos aproveitadores, corruptos, ex-terroristas, ladrões de banco, e guerrilheiros (com estes últimos legislando e administrando em causa própria), o afoito e destemperado “brasileiro”, jamais erguera a voz (nem os dois porretes) na direção daqueles que pretendem avermelhar a nossa Pátria. Pelo menos com a repercussão do seu mais recente ato terrorista, quando rodou a baiana em pleno cruzamento da Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Santa Clara.

Ainda bem que, com todo o estardalhaço feito, algo de positivo ocorreu na vida daquele ser humano libanês que, fugindo da guerra, buscou sobreviver como trabalhador nas ruas cariocas: as vendas de esfirras aumentaram, o povo bom e honesto ofereceu apoio ao visitante, e a propaganda mais eficaz (de boca a boca), encarregou-se de ampliar os lucros e a notoriedade do bem-vindo imigrante, identificado como Mohamed Ali.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

OS ELOS DA CORRUPÇÃO

Analisar o comportamento humano tem sido uma atividade de alto risco, passível de resvalo na vala comum das injustiças (pela tendência de se colocarem todos num só pacote), e também por nos conscientizarmos da imensa cratera sem fundo representada por comportamentos nada honestos que cercaram os atônitos circunstantes de ontem, e os de agora.
As delações premiadas, e as operações policiais e do Ministério Público (de nomes curiosos), não param de apresentar resultados que além de indignar, surpreendem pelo ineditismo das trapaças descobertas.
Sem querer radicalizar, ou carregar na tinta para destacar o mal, hoje, se nos arriscássemos a traçar uma reta, entre a chamada “cadeia produtiva”, ou seja, o conjunto de agentes econômicos que possuem parte relevante de seus negócios na produção desse determinado produto ou serviço, até se chegar à porta de um outro tipo de cadeia (aquele que trancafia a bandidagem), ela (a linha), seria contínua. Vou procurar ser menos enigmático.
Todo mal parece começar a partir daqui: o governo cobra impostos sobre impostos, e não oferece a contrapartida dos serviços públicos na medida compatível com aquilo que arrecada.
Na sequência, por exemplo, o mesmo taxista que altera o taxímetro e presta um péssimo serviço, é também ele quem compra a gasolina adulterada, que é extorquido pelo fiscal de trânsito; que, por sua vez, compra carne maquiada, com a aparência de fresca e saudável, ou alguma linguiça temperada com pedaços de papelão sujo, do mesmo vendedor que toma café misturado com farelo de milho, achocolatado que tem mais açúcar do que chocolate, manteiga que pode estar “batizada” com substâncias nocivas e estranhas; leite com soda cáustica, formol e outros venenos…
Se algum desses passar mal e procurar o médico no SUS, poderá dar de cara com atendentes estressados, raivosos, desatentos, malcriados, arrogantes, e que os encaminhará para médicos descompromissados com a saúde e com os juramentos solenes que fizeram, evidentemente, sem a intenção de cumpri-los, e que estão mais para mercenários do que para cuidadores de gente enferma, que, quando resolvem atender, o fazem da pior forma possível.
Mas, muita gente poderá sugerir: “para se ter um atendimento humanizado, é preciso também ter como pagar um bom profissional, e para alcançar esse privilégio é imperioso estudar”. Ledo engano: quem é da área sabe muito bem que os bons professores são explorados por um sistema educacional feito sob medida para nem instruir, nem educar, e que esses bons mestres estão cercados de figurantes que fingem ensinar, e fazem pouco-caso dos alunos.
Os Poderes, com seus poderosos gatunos de colarinho encardido, têm demonstrado competência na ação de legalizarem-se as imoralidades, as distorções, as roubalheiras, a corrupção em grande escala, complicando a vida dos homens e mulheres de Bem que ali estão, espremidos entre álibis, maracutaias, e armadilhas sofisticadas, engendradas por gangsteres alçados pelos inocentes úteis de todas as eleições.
A lista de desonestidades é infinita e o círculo vicioso do mal, da banalização da patifaria, está instalado de ponta a ponta: tem o que rouba e é roubado, tem o que engana e é enganado, o que trapaceia e é trapaceado… Tem ainda, o que informa, mas também tem o que estuda e se especializa na “arte de desinformar”…
E, por aí segue a massa, mais preocupada em proteger-se de todos os achaques, das extorsões evidentes ou disfarçadas, do que mesmo de manter uma conduta ilibada. É um salve-se quem puder. Se o presidente rouba, o “Zé Ninguém” crê que tem o direito de roubar também.
Afinal, ser ilibado, sem qualquer mancha ou desvio moral, dá muito trabalho.
O berro moralizador dado pelo pequeno e grande Ruy Barbosa, no alto da tribuna do Senado, na então Capital Federal, o Rio de Janeiro, em 17 de dezembro de 1914, ainda ecoa e traduz com imensa clareza aquilo do que reportamos aqui (que já não é mais novidade), em pleno ano de 2017, era da tecnologia avançada, passados 103 anos: “A falta de justiça, Senhores Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação. A sua grande vergonha diante o estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais”.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vem nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade”…
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”…
É fato: avançar em inteligência parece ser a destinação da humanidade, mas também é preciso adiantar o passo ao encontro da moralidade.



quinta-feira, 10 de agosto de 2017

SOBRE O HÁBITO DE JOGAR CONVERSA FORA


É possível se dizer, quase sem medo de errar, que jamais nos livraremos dos cartórios e dos respectivos atos cartoriais: dos reconhecimentos de firmas, das escrituras, autenticações de documentos, dos contratos e distratos; nem dos instrumentos auxiliares para que tudo isso vire realidade: carimbos, selos, livros de anotações, arquivos e mais arquivos (físicos ou digitais).
Houve um tempo em que a palavra dada era tão valorizada, tão regrada, que nem cartório existia, e somente um fio de bigode selava o trato. Talvez não tenha sido assim, tão certinho, levado a ferro e a fogo, mas passou perto disso. Dá até para imaginar que, à medida que foram surgindo as malandragens, também apareceram as respectivas iniciativas de defensa.
Honrava-se a palavra dada e era impensável alguém negá-la depois de empenhada. Nem testemunha era necessário.
Desde que se percebeu a tendência humana para alguém passar a perna em alguém, surgiram os tabeliães. Eles eram os chamados “escribas”, que possuíam fé pública para certificar atos entre as partes (que geralmente não sabiam ler e escrever). Com o avançar dos tempos, e também com o crescente poder criativo dos vigaristas e das artimanhas por eles engendradas, foram sendo criados artifícios para, cada vez mais, robustecer a segurança jurídica e a proteção aos direitos do consumidor.
Na atualidade a maioria das pessoas sabe ler e escrever, mas é impossível, por exemplo, aqui no Brasil, se possuir um razoável conhecimento do Direito. Em 2007 a revista IstoÉ reportou que a estrutura jurídica brasileira, à época, já ultrapassava de 181.000 leis, embora muitas delas, inúteis, bizarras, ridículas mesmo.
A fala, esse instrumento de comunicação fantástico, ao que se imagina, pode ter surgido há mais de 300.000 anos, ocasião em que os humanos passaram a desenvolver a laringe no lugar ideal, bem como as ligações neuronais necessárias complementaram-se. Mas isto ainda não está de todo comprovado, nem explicado com clareza.
A maior dificuldade de definir-se o momento exato dos primeiros murmúrios que deram origem a vocalização como hoje a percebemos, é que as estruturas ligadas à fala não são preservadas como fósseis.
O tema ainda é controverso, e há estudos sérios que consideram os últimos 100.000 anos como o tempo em que o homem balbuciou alguns sons orais, e outros cogitam de que tais fatos ocorreram há 40.000 anos.
Além da velocidade da verbalização das palavras emitidas ter aumentado muito, também o pensamento delas adquiriu um ritmo muito mais intenso, criando assim um descompasso entre o pensado e o dito.
Dados cientificistas à parte, sem querer exagerar nas informações resultantes dos estudos realizados, vale atentar que, falar pelos cotovelos ou querer impor conceitos, antes de demonstrar conhecimento ou sagacidade, esclarecimento ou sabedoria, é um atestado de leviandade, arrogância e descompromisso com a verdade.
Quem fala do que não sabe, discute sem base nenhuma, tenta ganhar no grito, e cada vez mais se afunda no ridículo de não ser levado a sério.
Duas expressões populares antigas, referem-se ao falar por impulso, sem a devida cautela: “quem muito fala, muito erra”, e “quem conversa muito, dá bom dia a cavalo”.